Dois anos de Casa Madalena: Outubro inteiro de pista, afeto e arte em Uberlândia
- Vithor Laureano

- 4 de out.
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Atualizado: 4 de out.
A casa celebra seu 2º aniversário com um mês de programação que cruza shows, festas, performances e stand-up, sempre aproximando atrações convidadas e a cena local.
Tem lugares que não são só endereço: viram ponto de encontro, abrigo e estopim. A Casa Madalena, nesses dois anos, fez exatamente isso em Uberlândia. Nasceu para ser plural, acolhedora e livre; firmou-se como espaço cultural que incentiva a cena, dá palco a vozes LGBTQIAPN+ e abre a pista para quem quer existir com verdade. Como a própria casa diz, Madalena não é uma só: você pode ser a Madá, a Lena ou qualquer versão de si que queira viver.

Desde a abertura, a Madá recusou caixinhas. Misturou DJ sets, shows, performances e encontros improváveis, sempre em conversa com artistas da cidade, e fez do palco um laboratório vivo. Em tempos de retração cultural, manter acesa essa chama é mais do que entretenimento: é garantir lugar de escuta, diversidade e circulação de afeto.
Outubro, capítulo por capítulo
O mês de aniversário chega com a cara da casa: toda semana, pelo menos uma atração de fora se soma a quem move a cena daqui. Entre os destaques, Letrux — potência que transforma show em narrativa — e nomes fundamentais da arte drag e do pop como Silvetty Montilla, Dakota Monteiro, Betina Polaroid, Mellody Queen e Kaya Conky. A curadoria aproxima linguagens, gerações e públicos, mantendo o coração da Madá no mesmo lugar: o encontro.

A programação alterna formatos para não deixar a pista se acomodar: noites de festa dividem espaço com stand-up e performances, e cada data propõe uma dramaturgia própria. É o mês para ver de perto como a Casa Madalena constrói experiência — não só repertório — e como a cidade responde quando tem onde se reconhecer.
Na voz da Casa Madalena
Para Bial e Arturo, proprietários da Madá, chegar aos dois anos confirma um horizonte que nasceu junto com a Madalena: crescer com a cena e fortalecer a representatividade queer em Uberlândia. Eles lembram que, desde o início, a casa apostou em “atrações diversas e experiências que se conectam com públicos diferentes”, mantendo o propósito de ser um espaço plural e acolhedor onde “a arte queer e as vozes dissidentes têm visibilidade e valorização”.

Os dois não romantizam o percurso. Manter um espaço cultural LGBTQIAPN+ num cenário de pouco investimento em cultura é desafiador, e dar palco a artistas e corpos queer amplia essa responsabilidade. É justamente aí que, segundo eles, está a força da Madá: sustentar uma cena diversa, garantir voz a diferentes expressões e se reinventar no encontro com quem ocupa a casa a cada noite. “A Madalena são muitas”, resumem.
Sobre o mês de aniversário, a palavra é celebração coletiva. A curadoria foi pensada para refletir quem a casa é e quem o público é: diverso, queer, plural. Ao longo de outubro, a programação passa por show drag, DJs, apresentações musicais, stand-up, ballroom, roda de samba e pagode, somando artistas locais que caminham com a Madá desde o começo e nomes de fora que expandem o diálogo. A ideia é ocupar tanto a boate quanto o Quintal e oferecer diferentes modos de vivenciar arte e cultura. “O aniversário é da Madá, mas a festa é de todo mundo”.
Pista aberta também é política
Festejar os dois anos da Madá é festejar a liberdade de existir. É afirmar corpos dissidentes, sustentar um palco que forma público e fortalece profissionais da cultura, lembrando que acesso não é oposto de qualidade. Quando a cidade tem onde acontecer, todo mundo ganha: quem cria, quem trabalha e quem dança.

É também renovar um pacto de presença. Dois anos depois da primeira batida, a Casa Madalena segue como prova de que Club é cultura e que pista é comunidade. Outubro celebra essa continuidade e aponta para o que vem depois.
Abertura de mês: Letrux + Betina Polaroid
O primeiro dia de comemorações começou com um encontro que diz muito sobre o que a Madá é: pista aberta, olhar atento à cena e curadoria que aproxima universos. No DJ set, Letrux acionou groove, synths, disco e brasilidades com a mesma inteligência afetiva que levou seus shows autorais a palcos pelo país. Cantora, compositora e escritora, Letícia Novaes consolidou seu nome com ‘Em Noite de Climão’ e ‘Letrux Aos Prantos’; nos toca-discos, ela costura referências como quem escreve uma narrativa para o corpo se mover.

No palco, Betina Polaroid, finalista do Drag Race Brasil (S1), acrescentou presença cênica, humor e precisão de dublagem em números pensados para a celebração. A performance transitou entre moda, pop e teatro, reforçando a potência da arte drag no centro da experiência.
Venha fazer parte dessa festa!
Ao longo de todo o mês de outubro, a Casa Madalena celebra dois anos com uma programação especial que cruza shows, festas, performances e stand-up, colocando atrações convidadas lado a lado com artistas locais. Confira a agenda completa abaixo e retire seu ingresso através do Shotgun (clicando aqui) hoje mesmo. A classificação indicativa varia conforme o evento — vale conferir antes de ir.
Agenda e Atrações | CASA MADALENA 2 ANOS
03/10 | Letrux (DJ Set) + Betina Polaroid (Performance)
04/10 | Kaya Conky (Show) + Satan (DJ Set)
10/10 | Dakota Monteiro (Stand-Up & Performance)
18/10 | Lurdes Maria (Samba Ao Vivo)
25/10 | Silvetty Montilla (Comedy Show)
31/10 | Mellody Queen (Performance + DJ Set)
A Hop Television vai estar atenta para registrar as comemorações, porque celebrar a Madá é celebrar a cidade pulsando. Outubro é da Casa Madalena e de quem acredita na arte como encontro, resistência e festa. Nos vemos na pista!
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Texto por: Vithor Laureano | Redator Cultural & Jornalista








