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Royalties do Spotify: Como a mudança irá impactar na cena independente

No dia 21 de novembro, a plataforma sueca, Spotify, anunciou suas novas regras de pagamento para artistas. A decisão gerou polêmica no mercado e uma discussão se iniciou na cena independente.


Um novo capítulo foi escrito dentro do mercado fonográfico. O Spotify anunciou suas novas regras para pagamento de royalties e uma das principais mudanças diz respeito às músicas que são pouco reproduzidas na plataforma. Tal decisão terá um impacto gigante dentro da cena independente e é exatamente sobre isso que iremos debater por aqui.

Prints do aplicativo desktop do Spotify

Novas políticas de distribuição de royalties tem gerado polêmica nas redes - Imagem: Spotify


A partir de 2024, as músicas que possuírem menos de 1 mil reproduções na plataforma em uma janela de 12 meses, terão o seu pagamento de royalties zerado. Segundo a empresa, tais músicas geram cerca de US$0,03, mas como as plataformas exigem um valor mínimo de US$ 2 a US$ 50 para retirada, e as taxas bancárias podem variar entre US$ 1 e US$ 20, esse dinheiro acaba esquecido, o que no final do ano chega a uma quantia de US$ 40 milhões.


O Spotify garante que o impacto dessa mudança deve ser mínimo para o artista e ainda complementa dizendo que tal valor gerado anualmente será repassado para as músicas que tiverem mais de 1 mil reproduções na plataforma, o que irá gerar um pouquinho a mais para cada faixa.


O IMPACTO das novas regras do spotify NA CENA INDEPENDENTE


Por mais que se fale sobre o baixo impacto para o artista, até mesmo analisando pela visão do dinheiro gerado mensalmente/anualmente, essa mudança irá impactar e muito os artistas que estão iniciando as suas carreiras e que possuem pouco conhecimento em distribuição e divulgação do seu trabalho.


Em conversa com o Produtor Fonográfico reconhecido pela ABRAMUS, Gabriel Barbosa “B.O”, ele nos apresentou algumas das mudanças que a cena independente, principalmente a local, pode sofrer a partir dessa decisão apresentada pelo Spotify. Segundo o produtor, “Essa é como qualquer mudança no mercado e vem para separar o joio do trigo, se referindo aos artistas e produtores que ainda possuem pouco preparo para lidar com o mercado da música atualmente, em questão de marketing e distribuição das faixas.

Gabriel Barbosa "B.O" sobre a novas politíca de royalties do Spotify

B.O compõe o time de produtores da XSoul Mídia, gravadora que ajudou a fundar ao lado de Drash


Um dos pontos levantados por B.O se trata exatamente da forma como o artista independente lida com o marketing dos seus lançamentos, durante a nossa conversa debatemos sobre o assunto e chegamos num consenso que o profissional que está iniciando na carreira musical necessita urgentemente começar a estudar sobre como distribuir e divulgar suas faixas de forma eficiente.


Nós como mídia independente há 5 anos, enxergamos que ainda falta um grande esforço dos artistas para correr atrás de estratégias que realmente podem ser o suficiente para melhorar o alcance de suas músicas. Um exemplo disso, é o pouco uso da ferramenta Release na hora de apresentar o lançamento de um projeto novo, sendo uma estratégia simples e básica que pode ajudar até mesmo o próprio artista a estar em playlists do próprio Spotify ou aparecer em outras plataformas como blogs e vídeos do YouTube e TikTok.

Print do aplicativo mobile do Spotify mostrando a área do Pitch no Spotify for Artists

O Spotify for Artists possui uma aba de pitch no qual você insere seu release da faixa - Imagem: Spotify


O produtor também apresentou um exemplo do músico Hugo Roots, no qual produziu recentemente a faixa “Som de Classe”. Segundo ele, o artista conseguiu chegar a marca de quase 10 mil plays no Spotify em apenas 7 dias de lançamento, por conta de uma inserção orgânica da nova faixa em uma playlist da plataforma, fruto da sua campanha e planejamento de marketing e distribuição em diversas mídias, não só nas redes sociais.


Diante disso, podemos perceber o quanto essa mudança pode impactar a carreira não só de artistas que estão dando os seus primeiros passos mas também de artistas que se não correrem atrás de novas estratégias para alcançar o público desejado, podem acabar sendo jogados de lado no mercado.


A FALTA DE REGISTRO TAMBÉM PODE IMPACTAR O ARTISTA INDEPENDENTE


Durante nosso bate-papo com B.O, também falamos sobre a importância do registro fonográfico e como a falta dele pode impactar negativamente um lançamento de uma faixa ou disco. O produtor citou que faz questão de sempre estar registrando os fonogramas que produz em seu estúdio e que esse processo é o mais complicado, mas que vale muito a pena pelo respaldo que traz.


Questionado sobre a dimensão de quantos produtores ou artistas locais registram suas músicas atualmente, o produtor disse não ter uma noção exata em números, mas que este ato ainda é pouco realizado no mercado independente local.

Cantor Negro dando autógrafo. O Spotify for Artists é uma das ferramentas que auxilia o artista independente a se informar sobre seus streams na plataforma

O registro de um fonograma também garante a sustentação do artista independente - Foto: Yan Krukau


Para se ter uma noção, caso o artista que tenha a sua música registrada, utilize o Onerpm como distribuidora, a plataforma tem direito a 15% de tudo que foi arrecadado, enquanto que o artista que não possui sua faixa registrada, a porcentagem sobe para 45%, isso apenas citando uma única plataforma de distribuição, sendo ela a mais benéfica para o artista independente, já que o cadastro do artista é gratuito.


FIQUE DE OLHO, A MUDANÇA CHEGOu!


Tal mudança apresentada pelo Spotify é uma alteração que já era esperada no mercado fonográfico, já que desde os começo dos anos 2000 essa novela se desenvolve cada vez mais em torno da distribuição de royalties para os artistas, produtores e gravadoras. O que temos nesse momento é mais um avanço do mercado, que assim como toda evolução vem pra separar lados.


Finalizando nosso bate-papo, B.O citou que vê essa mudança por uma ótica positiva, que mesmo sendo polêmica, ajudará a galera a pensar melhor em estratégias de Marketing. "O artista precisa começar a entender como ele vai conquistar o público dele, como vai trabalhar o lançamento"complementou B.O.

O álbum "NTT" foi um grande sucesso de marketing e de ouvintes no Spotify entre 2022 e 2023

O disco “NTT” é um bom exemplo de como fazer um marketing eficiente - Foto: Red


Falando especificamente sobre a cena local de Uberlândia, temos alguns exemplos de artistas e coletivos que trabalham muito bem o seu marketing de forma efetiva no mercado e que podem ajudá-los a se inspirar e correr atrás enquanto é tempo. São eles: Vaine, Belga (Sertão da Farinha Podre), Thug Farm, Fresh Mob, Bruna Nery e Imune.


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Texto por: Brunno Lifonso - Redator e Designer Gráfico com ênfase em Marketing Digital

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