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  • Foto do escritorHugo Soares Martins

Entre Vôos e Raízes: A Jornada de Thaneressa Lima na Arte da Vida

No dia 24 de janeiro, a equipe da HOP marcou presença no "Projeto Parede", uma exposição de fotografias realizada pelo Sesc Uberlândia, que teve como destaque a obra de Thaneressa Lima intitulada "donde vim para onde voo". Além de Uberlândia, o projeto também percorre pelas cidades de Montes Claros, Poços de Caldas e Pouso Alegre, acompanhado de outros(as) três artistas.


A iniciativa artística convida à reflexão sobre a vida como arte, levando os espectadores a uma jornada de autoconhecimento. A artista compartilha sua trajetória de 10 anos através de diversos suportes imagéticos, explorando a luz como elemento central. Em entrevista exclusiva, Thaneressa Lima revela insights sobre sua inspiração e processo criativo, proporcionando uma visão íntima de sua jornada artística.


Foto de capa da exposição de Thaneressa Lima para o Projeto Parede em união com Sesc Uberlândia

Figura 1 - Foto de capa da exposição "donde vim para onde voo".


Primeiramente, quem é Thaneressa Lima?


Thaneressa é uma mulher artista de sua época, que passou pelos cursos de artes visuais na UFU e cinema na UNITRI, mas que foi se criando nos corredores sem a conclusão de tais cursos. A sua jornada artística se inicia na fuga com o grupo de teatro Grupontapé, acompanhando e registrando os incríveis momentos vividos. Ela teve contato com obras de artes e galerias de forma bastante recente devido a pouca atenção regional para tal. 


A artista conta que quando veio o convite para compor o Projeto Parede, foi quase como um choque, um grito que lembrou a ela de seu dom para essa arte e a necessidade de escancarar uma arte mais urbana, mais de rua, mais popular. Convite este que, abriu um caminho para que sua arte, visualizada pela rua, também fosse escancarada em uma galeria famosa da região, trazendo prestígio a uma artista de grande relevância na cena local.


Mas lógico que o foco não era atuar de acordo com as imposições capitalistas que as artes vem sofrendo, ela não iria simplesmente escolher dentro de 30 fotos aleatórias. Havia necessidade de se sentir e transmitir tais sentimentos. Ela busca desconstruir essa ideia de galeria enraizada no nosso consciente.


A sensibilidade da artista em foco em uma experiência tangível em contraponto com as galerias tradicionais

Figura 2 - Primeira composição interativa da exposição.


Sabendo que o projeto perpassa por quatro importantes cidades mineiras, donde surgiu essa ideia de uma exposição alcançável à palma de nossas mãos?

Thaneressa cita que a exposição também é um presente para todos que visitam e compõem a arte apresentada. Pois, o que foi visto pelo público Uberlandense é muito da ótica e pedido de uma artista que grita a necessidade de ver a vida com mais leveza e poesia. Ao mesmo tempo em que a fonte poética é o cru dia a dia de quem captura tais imagens apresentadas na exposição.


De romances complexos e verdadeiros até o crescimento político, os registros nos invocam a necessidade de sair do virtual e do impalpável para algo tangível e verdadeiramente consumível. Que, novamente, busca desconstruir o conhecido status atual de uma galeria, onde nada se toca. Até mesmo no uso de câmeras analógicas o intuito era provocar a 'geração touch'.


Ela quer mais é que a gente se toque e que não fiquemos presos a essas caixas que nos impuseram.


O turismo interior como fonte de poesia para norte da vida, política e arte

Figura 3 - Mural convidativo ao turismo interior.


Como  funciona a composição e organização de uma fotógrafa?


Fotos de celular, fotos analógicas, digital e a cianotipia marcaram as principais escolhas que foram representadas na exposição. Claro que isso remete a “poesia da evolução em contraponto com nossa mutação vivida todos os dias” como ela mesmo diz. Era uma busca ao acaso, ao mesmo tempo em que nos encontramos em uma riqueza de detalhes que nos faz pensar sobre toda nossa estrada.


Toda a prática é pautada sempre na busca de registrar memórias, pois Thaneressa se vê muito mais como uma operária da cultura do que uma artista propriamente dita. “15 anos atrás tudo era analógico e isso nos faz pensar sobre o avanço gigantesco da tecnologia” completou a artista sobre a modernidade. E isso também é uma preocupação dentro de seus registros.


“O registro enquanto vivência e a vivência enquanto registro”, é uma frase que vive no coração dessa artista que sente a modernidade e os jovens vivendo pouco, mas registrando muito. Não que seja algo errado, mas não algo para repensar.


O cotidiano como obra de arte, a busca pelo o eu artístico, levou Thaneressa por onde? Por onde voou?


Nos últimos 5 anos a artista esteve num processo nômade em que passou pelo oeste de Minas, regiões do litoral brasileiro, zona rural do Sul do país e muito mais. E a brincadeira é justamente deixar o público perdido de onde é para trazer a certeza de quem é. A metáfora do pássaro “onde eu voo” é uma ideia realmente sobre não ficar preso a fronteiras. Trazer uma liberdade e um frescor da vivência de quem nunca está perdido se a posse, e única posse, for si mesmo, pois “o destino é o agora e o percurso é consequência”, citou Thaneressa, durante a entrevista.


É muito doido pensar que a pandemia esteve dentro das caixinhas de fósforo apresentadas. Pois, sim, como tudo levou 10 anos para ser construído, 2020/2021 se encontram dentro da exposição. Junto à metáfora poética do fogo que queima, há o fogo que faz renascer e isso é o que a artista buscava mostrar em seus registros de dias tão frios.


Projeto Parede em circulação estadual expandindo e difundindo a arte de Thaneressa Lima

Figura 4 - Formato da exposição para viagem para outras cidades.


Por fim, como lidar com a exposição de uma arte tão íntima?


Não é bem assim que Thaneressa se sente, pelo contrário, ela sempre se sentiu muito invisível enquanto compunha sua arte. Ela cita, Glauber Rocha, grande cineasta brasileiro, dizendo que: “teria que trabalhar nessas máquinas, como se tivesse dentro dessas terríveis batalhas”. Essa é a paráfrase que a artista deu ao citar que Rocha dizia sobre o cinema novo, mas ela entende que seu corpo, sua existência, sua sensibilidade, sua arte, é sua máquina.


Necessita mesmo de muita coragem, ainda mais em um mundo cada vez mais digital. E o convite do Sesc veio justamente em um momento em que ela estava se desconstruindo ainda mais para não se expor. O plano era “ir para a natureza, plantar, viver em equilíbrio, mas realmente o sistema é sedutor” - citou Thaneressa. Porque então não mostrar o que ela é? A artista completou: “é exatamente o exposto, mesmo que caótico, é isso e pronto”.


“Essas ‘bobagens intímas’ é um lugar muito meu, de muito eu, mas tem um lugar ali em que a gente se encontra” é a frase que faz Thaneressa se expor e expor sua arte.


A exposição gira em torno do prisma da vida como obra de arte

Figura 5 - O prisma da obra em tratar a vida como uma obra de arte.


Numa jornada pelos últimos 10 anos de sua vida, Thaneressa Lima nos brinda com uma reflexão profunda sobre sua própria trajetória e sobre a essência da arte como expressão da alma. Ao revisitar suas memórias através da fotografia, ela convida o espectador à um mergulho em sua própria jornada interior, inspirando-nos a olhar para o mundo com mais sensibilidade e poesia.


Sua exposição, "donde vim para onde voo", não apenas celebra a diversidade e a beleza da vida cotidiana, mas também nos desafia a repensar nossas percepções sobre galerias de arte e o papel da tecnologia na expressão artística. Thaneressa nos lembra que cada momento da vida é uma obra de arte, e que devemos abraçar a jornada com coragem e autenticidade.


Por meio de sua arte, Thaneressa Lima nos conduz por uma viagem através do tempo e do espaço, revelando os encontros e desencontros que moldaram sua jornada como artista e como ser humano. Sua exposição nos convida a refletir sobre a natureza efêmera da vida e sobre a beleza que reside nas experiências mais simples e mundanas. Ao nos apresentar suas fotografias, ela nos convida a um diálogo íntimo e pessoal, onde podemos nos reconhecer nas paisagens e personagens que povoam seu mundo. Em tempos de incerteza e transformação, Thaneressa nos lembra da importância de nos conectarmos com nossa essência e de encontrarmos significado na jornada da vida. E você, vive assim, ou não deixa a luz lhe colorir a vida? Nos conte nos comentários!


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Texto e Imagens por: Hugo Soares

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