Hoje, 15 de abril, é o Dia Mundial da Arte - e antes que você se pergunte: “O que eu tenho a ver com isso, Nicole?”, se acalme, pois eu sei que quase ninguém liga para o dia do periquito ou dia mundial da vacina. Provavelmente esse texto sofrerá grandes influências da minha leitura atual “O Caminho do Artista”, da autora Julia Cameron.
O livro fala muito sobre esse lado espiritual que envolve nossa criatividade e nos ensina a caminhar rumo à isso de um jeito muito leve e gostoso. Há diversas passagens explicando essa Fonte criadora de tudo e como seres criativos tem um papel similar e tão importante quanto.
O Caminho do Artista é um livro de tarefas, o objetivo é fazer você se conectar com a sua própria energia criativa se libertando de possíveis bloqueios | Foto: Blog Depois dos Quinze
Quando o assunto é Arte tudo é questionável na mesma medida que não se pode impor ou definir nada, então ao invés de arte vamos falar sobre criatividade. Você que me lê agora muito possivelmente é um ser que cria, seja essa criação uma rota nova na estrada, uma gambiarra para estender roupas íntimas no varal ou inventar na hora uma coisa que não está na receita a ser seguida… Prazer, você é um ser criativo.
A criatividade é esse canal que abrimos toda vez que nos conectamos com nosso interior mais puro e divertido. Não é como um botão que liga ou desliga, a criatividade precisa ser cultivada e regada, manter ela alimentada trará um solo fértil para suas obras primas, seja qual for suas feituras ou criaturas.
Ok! Mas de onde vem a bendita criatividade afinal?
É preciso estar atento, se manter de olhos abertos para entender as sutilezas e profundezas do processo criativo | Arte: 'The Bull' por Rokas Aleliunas
Aqui vamos descer alguns degraus e adentrar em um tópico que nem todo mundo concorda e alguns nem conhecem: A criatividade como sendo uma ação que advém do nosso espírito. Toda vez que criamos, algo novo nasce a partir de nós, mentalmente e fisicamente. Aquilo que antes não existia no mundo agora passa a existir pelo seu desejo em somar.
Falando de mim, eu brinco que ao escrever, “psicógrafo” mais do que crio/escrevo, observando meus processos e ao findar novas criações eu noto que naturalmente palavras e sensações brotam de mim, eu passo então a aderir vocabulários, vidas e personagens que antes não habitavam meu corpo. Talvez você também viva essa sensação - ou ainda não se atentou para ela.
Quantas versões suas você já não viveu materializando alguma visão/nova criação? Quem é você desse mar de personagens? | Arte por Harley Weir & George Rouy
Quando falo sobre uma ação espiritual tem muito haver com a intencionalidade da coisa a ser feita e não tanto com religião ou algo do tipo, mas claro, independente daquilo que você acredita há de se concordar que por trás de toda Vida existente há uma força criativa que o atravessa. Somos uma espécie e vivemos num mundo naturalmente artístico por si só.
Resumindo meu ponto, ao criarmos acessamos campos adormecidos e desconhecidos por nós que imediatamente vêm à tona se nos abrirmos para ser esse canal criativo, receptor de uma força para além daquilo que você pode ou não compreender. A fonte criativa é inesgotável, apesar de se falar muito sobre concorrência de mercado, ganhar destaque parece quase uma missão impossível ou até mesmo um pesadelo, motivo de ansiedade para muitos.
A arte é essa coisa subjetiva assim como a espiritualidade. Alguns borrões coloridos podem não significar nada mas com o olhar "certo" pode te trazer novos insights e abrir margem para novas inspirações |Arte por Bruce Riley
Esquecemos que a originalidade mora no nosso íntimo, assimilamos informações de um jeito diferente mesmo passando por situações parecidas e coletivas, então tudo aquilo que você cria com alma e intencionalidade tem potencial para se destacar e ser único nesse mundo. Escolher criar de um "jeito espiritual" fará toda a diferença em seu processo criativo e principalmente no resultado de suas obras - alguns artistas famosos vivem isso e já compartilharam em entrevistas, além dos diversos livros publicados sobre o assunto.
Na prática, criar de um “jeito espiritual” soará diferente para cada um, cada pessoa encontrará sua própria maneira de se abrir para o canal abundante da fonte criativa. Seja meditando antes, entrando em contato com a natureza, criando rituais ou rotinas que o conduzirão para o ato de fazer arte ou até mesmo rezando - as possibilidades são infinitas e precisamos explorar.
Essa arte poderia resumir nossa pauta: "E se a criatividade for menos sobre estar fazendo e mais sobre receber e permitir?" - Tradução livre | Arte por Yumi Sakugawa
Quando falamos sobre arte criamos um diálogo direto com nossa criança interior. Crianças são naturalmente artísticas e precisamos resgatar hábitos dessa época, caminhar ao ar livre, agradar nossa criança, consumir referências, colocar a mão na massa e explorar novas formas criativas de coexistir, seja simplesmente fazendo um bolo ou aprendendo uma coisa nova.
Nós, seres criativos, temos como necessidade básica o ócio e a solitude, apreciar nossos pensamentos e deglutir os sentimentos com calma fazem parte do processo criativo. O artista precisa se autoconhecer para que assim ele mantenha viva suas obras mas também alimente seu processo criativo. Trabalhar com o sensível tem seu bônus mas também o ônus. Ter cuidado consigo mesmo é um respeito ao que se põe no mundo, mas também uma reverência ao que comemoramos nesse dia, a Arte.
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