Você com certeza já se pegou pensando: “Por que as pessoas estão usando X item sendo que temos coisas mais atuais, ou sei lá, que não pareçam tanto da época da minha vó?!”. Eu mesma sempre que vejo alguma trend nova, que de nova não tem nada, fico me indagando…. Graças a essa matéria, eu e você vamos sair daqui com um norte ou uma boa suposição a respeito desse assunto.
A CyberShot, é um modelo de câmera digital lançado inicialmente pela Sony e que teve seu auge nos anos 2000. Assim como diversas outras tendências da época, ela ganhou novamente seu espaço nos dias atuais, principalmente no coração da mais temida e mais comentada Geração Z. Cada vez mais cresce a procura no mercado, sejam elas novas ou já usadas, a câmera definitivamente é a nova queridinha nos rolês.
Alguns modelos de câmeras digitais lançados por diferentes marcas | Foto: Shayne Ashley
Mas porque carregar uma câmera se eu tenho meu smartphone que compacta tudo em um só lugar? É aí que entra o nosso pulo do gato, além do sentimento nostálgico - que vamos abordar em breve, fazer o uso de câmeras analógicas ou digitais tem muito haver com uma procura por uma experiência diferente ou que caiu em desuso.
Fotografar sempre foi mais que um simples clique, tem haver com uma entrega e nem sempre há um pacto com a qualidade da imagem produzida, mas sim com a poética do registro e o momento dentro daquele quadro. Então retomar processos e meios não tão imediatos e que demandam um novo estímulo que não é estar apegado ao seu celular, faz muito sentido nos tempos atuais.
Tempos esses que cada vez mais se perde ao não saber frear ou usufruir de um poder instantâneo. O ato de agora estar na “moda” carregar câmeras como as CyberShots para momentos em família, saída com os amigos e vida noturna, diz muito sobre como a gente vem lidando com a falta de autenticidade num mundo onde estamos inundados de pessoas fazendo, vestindo e falando sobre as mesmas coisas.
Fachada da loja 'Forget Headshop', captada por uma câmera digital | Foto por Laura Porto
Conversando com a Laura Porto, 20 anos, estudante de Artes Visuais e usuária assídua da câmera digital, ela nos trouxe alguns pontos interessantes sobre a experiência dela dentro de tudo isso. Laura diz: “...Apesar do celular apresentar ótimos recursos para fotografar, a câmera por ela ter apenas essa finalidade emprega outra áurea na ação, transformando o simples ato em um ritual.”
Para ela, o que mais a atrai no equipamento é: “A mobilidade, praticidade e acessibilidade comparada com outras câmeras do mercado. A qualidade das fotos produzidas pela cybershot não é muito boa, mas é exatamente sobre isso. Ela traz um novo efeito e estética para a imagem que é muito original. Além do flash estourado que dá todo um diferencial quando usado.”
Artista Yung Vegan se apresentando em sua passagem por Minas Gerais | Foto por Laura Porto
O boom de algumas redes sociais como o Snapchat anos atrás, o BeReal mais recentemente e a quantidade de vlogs editados que aparentam ser espontâneos mas “fakeiam” o natural me parece bem preocupante e me pergunto onde vamos parar. O que há de nosso que não foi gerado e plantado por algumas dezenas de vídeos no TikTok?
O fato de agora estarmos registrando por uma lente diferente, diz sobre a poética do momento e do ato em si ou é só porque ‘eu vi que estava em alta e sem pensar corri para procurar a câmera da minha mãe no fundo do guarda-roupa?’. Independente da nascente, é inegável o charme da estética vintage, as cyber’s traz uma vibe meio 2010 e também um design compacto, minimalista que cabe na bolsa, ou seja, um verdadeiro must have para nossa geração e eu inclusive me incluo nessa.
Foto minha e do meu namorado captado pela minha amiga Thalita Kamille
Falando um pouco sobre a estética, até mesmo o vintage ganhou uma repaginação. A galera que curte uma estética mais antiga dos filmes analógicos segue firme, mas falando de Geração Z, muitos não têm paciência para esperar relevar o filme e depois digitalizar aquele material. Somos poéticos nos processos, o vintage ainda nos encanta, mas somos imediatistas em compartilhar nossas visões, isso faz com que as câmeras digitais ganhem um possível destaque como já vem sendo desde 2019.
Mas caminhando ainda nas lacunas desse fenômeno, a nostalgia é o ponto que considero mais interesse. O passado vem sendo usado como referência e não é de hoje, sempre houve esse movimento em nossa trajetória humana e agora não seria diferente. Somos seres naturalmente nostálgicos, buscamos reviver memórias pois isso faz nos teletransportar no tempo e por alguns segundos se faz possível sentir novamente o afeto, riso e lembranças de uma época que já passou.
Jovens do mundo todo tem optado por câmeras digitais em rolês | Imagem: Melinda/Pinterest
Nossas memórias é aquilo que temos de mais precioso, nela guardamos momentos importantes, eventos marcantes - e resgatar elementos que fizeram parte do nosso passado, ou do passado de alguém importante que está ao nosso lado, é simplesmente divertido. É voltar no tempo sem precisar de uma máquina para isso.
Tem muito haver com um movimento que fala também da criatividade: resgatar e tornar usual novamente, ressignificando estéticas e propostas que fogem da mesmice dos dias atuais. A busca autêntica por uma liberdade de expressão que sugere o novo através de velhas lentes. Me conta, você já viu essas belezinhas por aí? Tem o costume de usar? Deixe aqui um comentário ;)
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